02/11/2012

Resenha: A Volta do Parafuso

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Resenha: A Volta do  Parafuso!

O assustador drama psicológico A Volta do Parafuso, composto pelo escritor norte-americano Henry James é considerado sua produção mais misteriosa. Nesta narrativa tecida na primeira pessoa pela protagonista, uma governanta a quem cabe cuidar de duas crianças órfãs, Flora e Miles, sem jamais levar ao tio de ambas qualquer aborrecimento, o ponto de vista oscila entre a fantasia e a realidade.


Além de ter que enfrentar, no interior da Inglaterra vitoriana, os fantasmas que assombram seus tutelados, apreceptora tem que utilizar toda sua convicção nos fatos que se desenrolam na residência em que habita ao lado dos seus protegidos, para convencer o leitor de que é uma narradora confiável.
Neste ambiente sombrio a personagem se depara com o terror psicológico imposto pelas almas da ex-administradora da ancestral morada e de seu amante. Várias análises desta obra enfocam a estranha relação entre a governanta e o tio das crianças, um suposto desejo reprimido pelo homem que deve evitar, e que poderia ser a fonte de suas estranhas visões.
De qualquer forma, a imaginação exerce aqui seu papel na construção do terror que não pode ser racionalmente compreendido. A governanta vai se persuadindo de que as criaturas sobrenaturais ameaçam cada vez mais os infantes; ela se empenha em guardá-los destes seres, mas só consegue, assim, precipitar os trágicos acontecimentos que se desenham no horizonte.
O leitor, porém, não se deixa iludir, pois vários sinais ao longo da trama lhe possibilitam suspeitar que as supostas entidades não passam de produto da psique excitada da heroína. Com certeza esta provável neurose é gerada pela atmosfera opressiva da era vitoriana, pano de fundo deste romance.
Henry James vela com empenho pelos mistérios de seus personagens, e não os entrega facilmente. Sua escrita tem o poder de ocultar dados, de conduzir o leitor por veredas secundárias, apartando sua concentração da via principal e inserindo seu olhar em um ambiente desconhecido e que não oferece conforto algum. Talvez seja esta uma forma do autor insinuar como se sente a protagonista em relação à moral vitoriana, que projetava sobre os serviçais da época um potencial meio de aliviar um comportamento rígido demais.
O escritor, nascido em Nova Iorque em 1843, era filho de um teólogo de destaque, e irmão do filósofo William James. Ele parte para a Europa em busca de um terreno mais fértil para exercer o gênero que cultiva, o drama psicológico. Assim, naturaliza-se inglês em 1915. Entre outros livros ele escreveu ‘A Fera na Selva’, ‘Retrato de uma Senhora’ e ‘A Taça de Ouro’.

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